Colunas e Crônicas

"O pior cego é sempre aquele que não quer ver!"

          Ah esses nossos amigos cegos! Não no sentido pejorativo, mas carinhoso como eles mesmos preferem ser chamados. Dizem sempre que deficiente visual são todos aqueles que precisam de algo a mais para poder enxergar, como por exemplo, os óculos de grau, as lupas e outros apetrechos. 
Mas também sabem muito bem que o pior cego é aquele que não quer ver. Por isso, estão sempre nos surpreendendo... Às vezes nos emocionam, outras nos fazem rir e por aí vai. E acreditem se quiser mas aqui vão algumas destas curiosas histórias da vida real contadas por uma grande amiga que convive diariamente com alguns deles...
E certo dia, essa amiga contou-me que chegando ao serviço uma funcionária cega lhe perguntou logo de cara: Você viu a novela ontem? A amiga respondeu: Vi sim. A cega: então, por favor, me conte as novidades porque cheguei tarde e não consegui ver nada do capítulo...
Um outro dia a mesma funcionária cega contou a um grupo de colegas que falava sobre faxina em casa, que na sua casa a faxina acontecia todas as sextas-feiras. As colegas prontamente perguntaram quem era a faxineira, Mara, como aqui vamos chamá-la, logo respondeu: - Eu mesma e digo mais, o piso da minha cozinha é todo branco quando está sujo fica marrom, mas enquanto ele não voltar à sua cor original, não paro de esfregar.
Esta foi muito boa! Dois cegos namorados trabalhavam na mesma sala quando um terceiro cego chegou contando que havia aberto a porta e pegado os dois no flagra. Segundo ele, a moça estava no colo do rapaz. Verdade foi, como não se sabe!
E essa é antiga! Outro dia, um outro cego, conhecido no seu local de trabalho como o namorador "bom da boca", costumava filmar no celular suas "aventuras amorosas". Minha amiga ficou sabendo e foi logo tratar de descobrir a verdade. Uma outra amiga cega lhe disse que era verdade sim, porque o próprio marido dela (da cega), que também é cego, havia visto as gravações juntamente com outros cegos que vendiam cartões telefônicos na Felipe Schmidt.
E por falar em cartão telefônico, há muitos anos, um destes cegos que vendiam cartões por lá, muito conhecido do pessoal, resolveu ir à um programa de TV para achar uma namorada. A exigência: que ela fosse bonita e tivesse cabelos compridos, caso contrário, não servia. Leandra, uma cega muito vaidosa, ao se deparar com uma mesa cheia de belas peças de bijuterias que vendiam uma vez por mês no seu local de trabalho, no horário do almoço, aproximou-se e disse: quero ver uma pulseira. Ao que a vendedora prontamente atendeu ao pedido, colocando em suas mãos uma bela peça. Depois de avaliar a mesma, Leandra disse: - É mesmo muito bonita, mas não gostei da cor das pedras, teria uma outra?
E as roupas então? Todos eles gostam de se arrumar e combinar suas peças como qualquer outra pessoa. Um dia, curiosa, minha amiga perguntou direto à um cego charmoso, que morava sozinho e que sempre combinava, calça, camisa, meias, sapatos e cintos. - Como você faz para combinar suas roupas? Ele: - Simples, pelo tipo de tecido consigo diferenciá-las com facilidade.
Este mesmo cego contou que certa vez, ao pegar o ônibus e sentar em uma das poltronas reservadas aos deficientes, percebeu quando uma senhora idosa embarcou. Querendo ser gentil, ele levantou-se e cedeu lugar a mulher, a mesma agradeceu dizendo: - Não precisa não moço, doente por doente eu fico de pé mesmo!
Certa vez em uma palestra, um cego que ocupava uma cadeira na primeira fileira do auditório, na ocasião, lotado, percebeu que toda vez que o palestrante chegava próximo dele o seu tom de voz aumentava muito. Desconfiado e até indignado, levantou a mão e disparou: - Senhor a palestra está muito interessante mas quero lembrá-lo de que sou cego e não surdo.
Certa vez, curiosa, eu mesma perguntei a uma amiga cega de nascença se quando sonhava, ela enxergava ou se eram apenas vozes. Para minha surpresa, ela que nunca na vida havia enxergado sequer uma réstia de luz, respondeu que sim. Via pessoas e lugares como todos nós, videntes. E por que não, se o físico é deficiente mas a alma é crente?

Adriana Costa Alves

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E em terra de cego...

          As palavras têm mais sentimentos, porque o desafio de ver este imenso “wonderful world” (maravilhoso mundo), às vezes, nem tanto, é de todos e para todos. E no mundo moderno em que vivemos, com o advento das novas tecnologias, é inadmissível, que o coração continue sem sentir aquilo que os olhos não conseguem ver.
          Para tanto, a responsabilidade com o sentimento e com o saber alheio, é tarefa de todos aqueles que se comprometem com a educação, em especial, a educação especial. Por isso o objetivo do nosso blog é justamente difundir o conhecimento e ampliar o saber de todos, videntes ou não.
          Para tanto, é necessário entender que a educação especial, como área do saber, leva em conta não apenas o ensino e a aprendizagem do educando com deficiência, como também sua inserção no ambiente escolar, na família e na sociedade.
          E é justamente através do trabalho e de ações intermediadoras e facilitadoras que incentivamos a lei da livre iniciativa, proporcionando-lhes uma vida plena ou uma melhor qualidade de vida, respeitando a individualidade e os limites de cada um.
          E é através do trabalho comprometido que nos preparamos e às pessoas para as intermináveis batalhas do dia-a-dia. A luta é árdua, porém necessária, mas a vitória, para aqueles que se comprometem e realizam, é garantida!

Adriana Costa Alves